A tapeçaria pode ser definida como a confecção artesanal de um tecido, geralmente encorpado, formado pelo cruzamento de duas estruturas de fios obtidos de fibras flexíveis, como lã ou algodão; de algum modo é a arte de se imprimir em fibras de todas as cores as pinturas concebidas por distintos artistas, com o objetivo de decorar ambientes. Os tecidos são tramados manualmente, compondo figuras de todo tipo.
A tapeçaria é relativamente frágil e difícil de fazer, de modo que a maioria das peças históricas deve ser pendurada verticalmente na parede ou, às vezes, horizontalmente sobre uma peça de mobiliário, como uma mesa ou cama. Em alguns períodos, houve criações de peças menores, muitas vezes longas e estreitas, usadas como bordas para outros têxteis. As tapeçarias europeias normalmente são feitas para serem vistas apenas de um lado e, muitas vezes, têm um forro liso no verso. No entanto, outras tradições, como o kesi chinês e a do Peru pré-colombiano, fazem tapeçarias para serem vistas de ambos os lados.
A tapeçaria deve ser diferenciada das diferentes técnicas de bordado, embora grandes peças de bordado com imagens sejam às vezes chamadas de “tapeçaria”, como acontece com a famosa Tapeçaria de Bayeux, que na verdade é bordada e se distingue por se moldar ao suporte da talagarça, enquanto na tapeçaria a imagem é esboçada pelos mesmos fios da textura utilizada.
História da tepeçaria
A prática da tecelagem é milenar, tendo surgido em épocas próximas e de forma semelhante em vários lugares do mundo. Na Antiguidade, foi realizada por diversos povos, inclusive no Oriente Próximo, Egito, Índia, Grécia e China antiga.
Na Europa medieval, a tapeçaria era a principal forma de arte decorativa. Nobres, autoridades do clero e monarcas absolutistas utilizavam-nas de forma comemorativa, cerimonial e também, de acordo com Thomas P. Campbell, curador de duas grandes mostras sobre tapeçaria realizadas pelo Metropolitan Museum of Art, de Nova York, como “o mecanismo mais eficaz de propaganda e autopromoção dos poderosos da época”.
A tapeçaria floresceu durante o Renascimento, chegando ao seu auge em território francês, no reinado de Luís XIV. Promovidas pelo Estado, principalmente na famosa manufatura dos Gobelins, as iniciativas tomadas neste período permitiram que a tapeçaria francesa conquistasse um patamar quase impossível de ser transcendido por outros povos. As obras criadas pelos Gobelins hoje são preservadas em vários museus. As tapeçarias mais antigas, normalmente produzidas em conventos e destinada as igrejas, têm temática religiosa.
Com o tempo, os tapetes começaram a ser mais usados nos castelos, conta a lenda que serviam para aquecer o ambiente construído com altas paredes de pedra. Havia tecelões independentes que viajavam com seus teares para atender encomendas. Esses tapetes laicos incorporam lendas, fábulas, pagãs e temas de romance de cavalaria.
A Tapeçaria flamenca e francesa
O alto-liço considerado sempre mais difícil e por isso mais apreciado, ocorreu na França já em 1302 e, em Arras, por volta de 1313. A fama das tapeçarias flamengas se espalhou por toda a Europa.
Promoviam-se grandes exposições comerciais e a manufatura de Flandres abastecia extensa clientela. A elaboração dos cartões ficava em geral a cargo de pintores, mas também existia o pintor de valores, função frequente em Bruxelas no século XV.
Além da Goya, muitos grandes artistas como Andrea Mantegna, Rafael e Rubens realizavam cartões que foram utilizados como modelos para tapetes.
A tapeçaria tem importante expressão na França. Floresceu durante o Renascimento e no século que se seguiu a este movimento artístico-cultural, agora em território francês. Ela alcançou sua maior expressão no reinado de Luís XIV, mantida pelo Estado, principalmente na famosa manufatura dos Gobelins. Esta arte teve seu início em meados do século XV, pelas mãos desta família residente em Paris.
A princípio, eles se dedicavam à produção e à coloração de tecidos, mas depois se devotaram ao ofício da tapeçaria até não resistirem mais aos problemas financeiros, quando então sua arte foi assumida pelo Estado, ainda sob a liderança de Luís XIV.
O célebre pintor Charles Lebrun tornou-se responsável, neste momento, pela elaboração das imagens e também da formação de sessenta aprendizes. As iniciativas deste monarca permitiram que a tapeçaria francesa conquistasse um patamar quase impossível de ser transcendido por outros povos.
As obras criadas pelos Gobelins se converteram em peças clássicas que hoje são preservadas em vários museus conhecidos.
A Tapeçaria no século XX
Christ in Glory in the Tetramorph do artista britânico Graham Sutherland, instalada em 1962 no altar da Catedral de Coventry, Inglaterra, é considerado o maior tapete em uma única peça já produzido.
Após a invenção dos corantes químicos e dos processos industriais de fabricação de tapetes, nos séculos XVIII e XIX, a tapeçaria artesanal foi revalorizada pelo movimento britânico Arts and Crafts e pelos modernistas.
Em 1961, realizou-se a primeira Bienal Internacional de tapetes.
As sete tapeçarias no Palácio de Christiansborg compostas para as comemorações de 50 anos da Dinamarca, em 1999, procedem também dos Gobelins.
Hoje, encontramos tapeçarias originárias da França decorando os palácios presidenciais de Abidjan e de Brasília, aeroportos em Munique e Nova York, a ópera de Sydney, o Vaticano, e outros tantos espaços públicos.
Ainda hoje, a tapeçaria prospera como as outras artes, e com certeza a França ainda se destaca neste ofício, tanto na composição das imagens como na riqueza e vivacidade das cores utilizadas. Exposições no mundo todo são realizadas com peças provenientes principalmente do Museu de Belas Artes de Paris, o Petit Palais, geralmente com a curadoria de especialistas franceses.
Fontes
InfoEscola
https://www.infoescola.com/artes/tapecaria/
Wikipedia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tape%C3%A7aria
História das Artes
https://www.historiadasartes.com/sala-dos-professores/tapecaria-obras-de-arte-tecidas/
Conheça os tapetes da Gotha
Incrível descobrir mais sobre o universo da tapeçaria! Parabéns pelo trabalho! 💙